Invisível

"Dez e quarenta e cinco da noite,estou sentado na meio fio."

Quem dera alguem,em alguma parte do mundo, pudesse ver com a mesma intensidade que eu,estas estrelas,a imensidão do universo,e quem dera,por um instante sentirem a mesma coisa que sinto.
Do outro lado da rua,um rato corre para fora de um bueiro,no mesmo instante,um mulher,de cabelos negros,roupas curtas capazes de deixar as curvas de seu corpo mais sexy's,faz com que o rapaz,de dentro de um carro pare ao seu lado para "conversar".
Um ônibus passa,mas não é o que eu espero.

"Dez e cinqüenta,a luz do apartamento liga."

A idéia é simples,sentar e esperar.Já estou cansado!
Imagino o que deve passar na cabeça da quele rapaz,sentado na esquina,olhando para o chão,vendo o colorido dos vários papeis de balas que estão espalhados em sua frente.
O sinal da escola faz o silencio do momento se dissipar no espaço.

"Onze horas,todos viram,mas também,fingem não ver o rapas na esquina."

Passam por mim,falando,ou quem sabe,fala sobre como foi ter dado uns pegas em alguem chamada Natália.Os amigos riem,e gostaria de não ter escutado o comentário,não dele,mas do rapaz da esquina sim.Seus gestos expressivos,chamam mais a atenção que seus lábios em movimentos rápidos e desordenados,tentam retirar alguma resposta dos papeis de bala.
A luz do apartamento desliga.

"Onze e cinco,acho que perdi o ônibus"

Uma briga no bar próximo de onde estou,tira toda minha atenção por um breve momento.Escuto o barulho de um ônibus chegando,É O MEU!
Olho para a esquina,não vejo mais o rapaz, pergunto-me se não pode ter passado do meu lado,e como todos,também não o teria percebido.
A imagem do rapaz,fica em minha mente por alguns instantes enquanto tento não dormir dentro do ônibus,penso em quem deve ser o rapaz,onde foi,de onde veio,se realmente o vi.
Se era mesmo um rapaz,neste momento,como um raio de luz,em minha mente,vem a idéia de que aquela não era uma pessoa qualquer,mas sim a expressão carnal da SOLIDÃO.
A solidão do dia,confundida com a escuridão da noite.